Resenha: O Teorema Katherine - John Green

Colin Singleton é um menino prodígio. Não um gênio – afinal, ele não descobre coisas novas, apenas aprende as que já foram descobertas. Essa história de apenas aprender e jamais inovar é facilmente entendida por seus relacionamentos; afinal Colin teve 19 namoradas - todas com exatamente o mesmo nome: Katherine. E todas elas, previsivelmente, dão um fora nele.

Após o término mais recente, com Katherine XIX, Colin e seu melhor amigo, o  irreverente Hassan, partem em uma viagem a bordo do Rabecão de Satã (apelido carinhoso do carro de Colin). Não possuem nenhum objetivo. Aonde querem chegar? A qualquer lugar. O que vão fazer lá? Pouco importa.  

Nessa viagem sem destino encontram uma cidadela chamada Gutshot, em algum lugar do Tennessee, onde são acolhidos por Hollis Lee Wells e sua filha.

É justamente nesse fim de mundo que Colin tem seu grande Momento Eureca: Dezenove namoradas com o mesmo nome; dezenove foras... E se isso não for apenas coincidência? E se for um padrão previsível universal dos relacionamentos?

Colin enfim pode ser chamado de gênio - Colin criou o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines.

Mas será que o amor e os relacionamentos podem ser explicados através de gráficos? E se Colin se apaixonar por outra pessoa – uma não-Katherine – e não poder ficar com ela com medo que ela lhe dê um pé na bunda... como fizeram as outras dezenove namoradas que teve?

O que importa mais – uma nova paixão ou o sucesso do Teorema Katherine?

 "-É uma indústria têxtil. Hoje a gente faz mais, humm, cordinhas
 para absorventes internos.                                                                                                               Colin não riu. Em vez disso, pensou: Absorventes internos têm cordinhas? Por quê? De todos os grandes mistérios da humanidade - Deus, a natureza, o universo, etc. -, esse era o que ele menos conhecia."

[Rá-rá, o prodígio em seus raros momentos "What?". Achei hilário. Me ignorem.]

Cômico e impossível de deixar de lado.

John Green criou uma história de nerds – e não nerds do tipo que são pobres coitados sem vida social ou experiência amorosa. John Green fez uma história com nerds que vivem de verdade, e que usam a inteligência de um jeito tão original e exagerado que acaba sendo divertido. Já assistiram The Big Bang Theory? Algo na genialidade cômica de Colin me faz lembrar os personagens do seriado.

Colin Singleton é um dos melhores personagens que já conheci: engraçado sem querer ser engraçado, prodigioso, mas um contador de histórias deplorável e incapaz de sussurrar - embora isso não seja exatamente importante.

Hassan é o típico melhor amigo que se espera para um protagonista: divertido, pouco interessado no que os outros pensam dele.

Tem também Lindsey Lee Wells. Ok, essa sim é ótima. É na casa dela e de sua mãe que Colin e Hassan ficam hospedados durante sua estadia em Gutshot. Lindsey é meio que outro prodígio disfarçado de menina caipira e desinteressada na vida. Com um temperamento indiferente e mais interessada no namorado do que no futuro, Lindsey acaba por ser tão inteligente quando Colin.

O que eu mais amei no livro (e olha que tem muito para amar nele) é o jeito que é montado: cheio de observações, trechos em línguas diferentes, palavrões, gráficos matemáticos que de alguma forma fazem sentido e o “caipirês” de vários personagens. Em meio há tantas ironias, piadas e fatos históricos, têm também a filosofia e as mensagens que os livros de John Green normalmente têm.

O Teorema Katherine já é um dos meus favoritos.

Espero que também gostem :)